terça-feira, 11 de novembro de 2008

CLASSE CHONDRICHTHYES




Os tubarões, raias e quimeras (peixes de águas profundas, também são designados peixes-rato) desta classe (gr. chondros = cartilagem + ichthys = peixe) são os vertebrados vivos mais primitivos com vértebras completas e separadas, mandíbulas móveis e barbatanas pares.
Este grupo é antigo e representado por numerosos restos fósseis. Pertencem-lhe alguns dos maiores e mais eficientes predadores marinhos. Todos possuem um esqueleto cartilagíneo, dentes especializados que se renovam ao longo da vida e uma pele densamente coberta por escamas em forma de dente.
Praticamente todos são marinhos, embora existam espécies de tubarões e raias que penetram regularmente em estuários e rios, e, em regiões tropicais, espécies de água doce.
Todos os peixes cartilagíneo são predadores, embora os filtradores também ingiram fitoplâncton. Neste caso existem projecções rígidas dos arcos branquiais, que funcionam como filtros. Grande parte da sua dieta é composta por presas vivas, embora consumam igualmente cadáveres, quando disponíveis.
A maioria dos tubarões não apresenta mais de 2,5 m de comprimento mas alguns atingem 12 m e o tubarão-baleia 18 m, sendo estes os maiores vertebrados vivos, com excepção das baleias.
As raias são igualmente pequenas, com cerca de 60-90 cm de comprimento mas a raia-jamanta atinge 5 m de comprimento e 6 m de envergadura







CARACTERIZAÇÃO DA CLASSE
Os tubarões, com o seu corpo fusioforme e aerodinâmico, têm grande interesse biológico pois apresentam características anatómicas básicas presentes em embriões de vertebrados superiores, nomeadamente:
Esqueleto cartilagíneo
Sem ossos verdadeiros mas compostos por cartilagem resistente e flexível, mais ou menos reforçados por depósitos calcários, o esqueleto é composto por um crânio ligado a uma coluna vertebral e cinturas peitoral e pélvica. A mandíbula (não fundida ao crânio) e a maxila estão presentes. A noto corda é persistente nos espaços intervertebrais. Algumas espécies possuem coluna vertebral rija, em tudo semelhante à dos peixes ósseos. Este tipo de esqueleto apenas suporta animais com mais de 10 metros de comprimento em meio aquático, cuja densidade é superior à do ar
Escamas placóides
A pele é rija e está coberta com escamas semelhantes a dentes (são compostas por uma placa de dentina na derme, revestida por esmalte) com um espinho orientado para trás, bem como numerosas glândulas mucosas. Este revestimento confere à pele uma textura de lixa, o que torna o animal mais hidrodinâmico. Algumas espécies de raias apresentam escamas grandes e espinhosas, enquanto outras não apresentam escamas de todo
Barbatanas pares e ímpares
Além das tradicionais barbatanas medianas, surgem barbatanas pares (peitorais e pélvicas), todas sustentadas por raios dérmico. Ao contrário das barbatanas dos peixes ósseos, as barbatanas dos tubarões são rígidas, não podendo ser dobradas ou flectidas.
A origem das barbatanas pares é pouco clara. Alguns autores consideram-nas derivadas de dobras longitudinais latero-ventrais sustentadas por raios, teoria que parece apoiada por estudos do desenvolvimento embrionário de tubarões actuais e de peixes fósseis. O anfioxo apresenta igualmente dobras deste tipo, que se unem á cauda.
Dado que estes animais são mandibulados, têm necessidade de orientar o corpo em relação ao objecto a morder. Assim, surgem as barbatanas, tanto pares (impedem o balançar cima/baixo) como ímpares (impedem o rolar esquerda/direita). Nos tubarões machos geralmente as barbatanas pélvicas apresentam órgãos copulatórios designados clásperes.
A cauda é heterocerca (com lobos assimétricos, pois a coluna vertebral penetra no lobo dorsal maior). Nas raias e afins a cauda é longa e fina, podendo terminar num espinho farpado com glândulas de veneno, como forma de defesa;
Celoma
A cavidade do corpo é perivisceral, forrada pelo peritoneu e subdividida por uma membrana, separando o coração das restantes vísceras;
Sistema nervoso
Encéfalo distinto e órgãos sensoriais muito desenvolvidos, que lhes permitem localizar presas mesmo quando muito distantes ou enterradas no lodo do fundo. Estes órgãos incluem:
Narinas: localizadas ventral mente na extremidade arredondada da cabeça, capazes de detectar moléculas dissolvidas na água em concentrações mínimas;
Ouvidos: com três canais semicirculares dispostos perpendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores);
Olhos: laterais e sem pálpebras, cuja retina geralmente apenas contém bastonetes (fornecendo uma visão a preto-e-branco mas bem adaptada á baixa luminosidade);
Linha lateral: um fino sulco ao longo dos flancos contendo muitas pequenas aberturas, contém células nervosas sensíveis á pressão (algo como um sentido do tacto á distância);
Ampolas de Lorenzini: localizadas na zona ventral da cabeça, são outros canais sensitivos ligados a pequenas ampolas que contém electrorreceptores capazes de detectar as correntes eléctricas dos músculos de outros organismos;
Sistema digestivo
A boca é ventral com fileiras de dentes revestidos de esmalte (desenvolvidos de escamas placóides).
Os dentes estão implantados na carne e não na mandíbula, sendo substituídos continuamente a partir da parte traseira da boca, à medida que são perdidos. A forma dos dentes revela os hábitos alimentares dos animais, dentes pontiagudos e serrilhados nos tubarões, que os usam para agarrar e cortar, e pequenos e em forma de ladrilho nas raias, que os usam para partir as carapaças e conchas dos moluscos e crustáceos de que se alimentam no fundo.
As narinas não comunicam com a cavidade bucal mas com a faringe.
O intestino apresenta válvula em espiral (para aumentar a área de absorção) e fígado, grande e muito rico em óleo o que confere grande flutuabilidade, chegando por vezes a compor 20% do peso do corpo. No entanto, em algumas espécies tal não é suficiente, pois se pararem de nadar afundam-se. O ânus abre para a cloaca;
Sistema circulatório
Coração com 2 câmaras (aurícula e ventrículo) por onde circula apenas sangue venoso;
Sistema respiratório
As brânquias estão presas à parede de 5 a 7 pares de sacos branquiais, cada um com uma abertura individual em forma de fenda, abrindo á frente da barbatana peitoral nos tubarões ou na superfície ventral das raias. Nas quimeras apenas existe uma fenda branquial.
Os sacos branquiais podem contrair-se para expelir a água ou, como acontece na maioria dos tubarões, o animal usa uma espécie de respiração a jacto, nadando activamente com a boca e as fendas branqueais abertas, mantendo um fluxo constante de água. Por esse motivo, é frequente os tubarões afogarem-se quando presos em redes de pesca perdidas.
Geralmente existe um par de espiráculos atrás dos olhos, em ligação á faringe, que, nas espécies bentónicas, permitem a entrada de água sem detritos para as brânquias. Não existe bexiga natatória;
Sistema excretor
Rins mesonéfricos
Reprodução
Os tubarões e raias têm os sexos separados, gónadas tipicamente pares, em que os ductos abrem na cloaca e a fecundação é interna. Os clásperes, barbatanas ventrais modificadas, são introduzidos na cloaca da fêmea e o esperma escorre pelo canal formado pelas duas estruturas unidas.
Podendo ser ovíparos (ovos são libertados envoltos em cápsulas semi-rigídas), vivíparos (jovens desenvolvem-se dentro de uma estrutura semelhante a uma placenta, o que lhes permite ser alimentados directamente pelo corpo da mãe) ou ovo vivíparos (retêm os ovos no interior da fêmea, nascendo filhotes completamente formados, cauda primeiro), produzem ovos são muito ricos em vitelo mas sem anexos embrionários. O desenvolvimento é directo, não existindo nunca estados larvares. Os filhotes nascem com os dentes funcionais e são capazes de caçar de imediato, embora, devido ao seu tamanho, sejam eles próprios potenciais presas.
Os tubarões são perseguidos, por pura ignorância ou para a obtenção das suas barbatanas (para sopa e utilização em poções "afrodisíacas" asiáticas) ou mortos por acidente em redes de arrasto, correndo grande número de espécies sério perigo de extinção actualmente.
Com o aumento da população humana e a redução dos cardumes de peixes ósseos, os peixes cartilagíneo têm sido pescados em grande número. Todos os anos se matam cerca de 100 milhões de tubarões e afins, dos quais cerca de 6 milhões são tubarões azuis, mortos apenas pelas suas barbatanas.
Sendo estes animais fundamentais ao correto "funcionamento" do ecossistema marinho, esta matança deve terminar ou os desequilíbrios podem ser muito graves



CICLOSTOMADOS
Podemos subdividir o filo Chordata em quatro sub-filos: Hemichordata, Urochordata, Cephalochordata e Euchordata. Os três primeiros subfilos correspondem aos cordados primitivos e são considerados integrantes do grupo Protochordata. Os Euchordata dividem-se em dois grupos: Agnatha (sem mandíbulas) e Gnathostomata (com maxilas e mandíbulas na região bucal, além da presença de nadadeiras pares). Na superclasse Agnatha temos três grupos: os Ostracodermi, Myxinis e Cephalaspsidomorphi. Os Ostracodermi são fósseis de Agnatha e já estavam extintos quando surgiram os agnatos atuais, ou seja não os originaram. Apresentavam como principal característica a ausência de mandíbulas e maxilas e a ausência de nadadeiras pares. Na classe Myxinis encontramos as feiticeiras. Na classe Cephalaspsidomorphi encontramos as lampréias. As duas últimas classes podem ser reunidas em uma única classe: Cyclostomata.
Portanto, os Agnatha (a= sem; gnathos= maxila) são vertebrados sem mandíbulas e a classe atual dos Cyclostomata (cyclos= redondo e stomatos= boca ) tem dois representantes típicos: a lampréia e a feiticeira. As nadadeiras pares estão ausentes na maioria das espécies, as abas peitorais estavam presentes em algumas formas extintas. As espécies primitivas tinham a pele revestida por fortes escamas ósseas, que foram perdidas nas atuais. As partes mais internas do esqueleto são cartilaginosas nas formas atuais e parece que nas espécies extintas elas também não eram ossificadas.
As características gerais dos ciclostomados são:
São destituídos de mandíbulas e de vértebras típicas.
A caixa craniana e as vértebras são cartilaginosas. Constituem-se nos mais primitivos vertebrados vivos, pois a notocorda persiste durante toda a vida como esqueleto axial, que nada mais é um cordão delgado gelatinoso envolvido por tecido conjuntivo rijo. Os outros elementos do esqueleto são cartilaginosos .
Vivem em água doce ou salgada. Algumas espécies são migratórias, vivendo no mar e reproduzindo-se em rios e lagos.
Têm corpo alongado e cilíndrico, sem escamas. A pele é rica em glândulas produtoras de muco. As espécies primitivas tinham a pele revestida por fortes escamas ósseas, que foram perdidas nas atuais.
A boca, dotada de dentes córneos, é circular, adaptada à sucção e situada na região ventral e anterior do corpo. A boca é fechada ou aberta pelo movimento para trás e para a frente da língua, a qual também apresenta os pequenos dentes córneos da ventosa, sendo usada para ferir a presa, principalmente nos indivíduos parasitas. A faringe é utilizada na alimentação, por filtração, das larvas e foi utilizada, com a mesma finalidade, nos adultos das espécies que estão atualmente extintas. Apresentam uma válvula espiral no intestino chamada tiflossole (também presente nos tubarões, que são peixes cartilaginosos). Não existe estômago ou vesícula biliar associada ao fígado.


Apresentam respiração branquial, possuindo de 6 a 14 pares de brânquias


A temperatura do corpo é variável; são ectotérmicos.
Possuem 10 pares de nervos cranianos.
Um olho pineal mediano e fotossensível está presente.
As espécies atuais, como a maioria das extintas, apresentam uma narina única e mediana, localizada à frente do olho pineal.
Ocorrem nas águas frias, tanto no hemisfério norte como no sul. Os representantes mais conhecidos são as lampréias (ordem Petromyzontiformes), que não ocorrem no Brasil. As feiticeiras (ordem Myxiniformes) são peixes exclusivamente marinhos


As lampréias são dióicas, com fecundação externa e desenvolvimento indireto; os sexos são separados e a fecundação externa. As larvas - amocetes -, muito diferentes da forma adulta (parecem anfioxos), são cegas e permanecem algum tempo nos rios (3 a 7 anos), enterradas em zonas arenosas e calmas onde filtram o seu alimento. Sofrem depois uma rápida metamorfose e, se são espécies marinhas, migram para o oceano.




As feiticeiras são monóicas, com fecundação externa e desenvolvimento direto.

São animais parasitas. As lampréias são ectoparasitos e as feiticeiras são endoparasitos. As lampréias, ectoparasitos, fixam-se às suas vítimas, como os salmões e trutas, por meio de ventosas e raspam-lhes a pele com os dentes e a língua; então sugam-lhe os tecidos , sangue e tecido muscular, causando-lhes a morte.




As feiticeiras, endoparasitas, penetram no interior dos peixes através das brânquias e destroem principalmente os músculos da vítima. As feiticeiras, em geral, alimentam-se de cadáveres (hábitos necrófagos) ou de pequenos invertebrados bentônicos. Ocorrem na plataforma continental e no mar aberto, em profundidades em torno de 100 metros.